quarta-feira, 2 de maio de 2012

Sem Orientação

Tudo parece realizado no espaço de um segundo,
Mas nem todas as manhãs têm um sentimento profundo,
Nem todas as raízes são sofredoras
Das vozes ridiculamente criadoras.
Acredito que já vi tanto em tão pouco tempo,
Quando o mundo acaba,
Quando o céu desaba,
Parece que a traição espiritual se torna um passatempo.
A alma é sugada pela chuva,
A chuva é silenciada pelas nuvens escuras,
E olhamos para cima, tiramos a nossa luva,
E por irónico milagre, choramos devido às realidades puras.

Tentaria salvar o mundo,
Mas o próprio mundo não tem salvamento.
Seria originalmente imundo,
Mas nem eu mereço revestimento.

Espero que não acabe solenemente,
Não quero, não preciso de audiência,
Talvez porque sei que nunca a terei justamente,
E o fim já o vi, um dia irei saborear a sua essência.

Não há qualquer sentido de orientação na poesia.
É como caminhar na estrada sem rumo,
Sem qualquer estúpida e inútil preocupação, sem cortesia,
Se não há rumo, não há objetivo, não há consumo.
Essa estrada que tomas, será apenas um desajeitado resumo.

E novamente sinto-me frustrado.
Suspiro, inspiro, respiro.
Porque se não respirar,
Naturalmente morrerei e soltarei um expiro.
Pode até ser irreal, mas tudo irá revolucionar,
Tudo cairá.

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