sábado, 9 de março de 2013

Falha-me a intenção de não ser melancólico

Sou melancólico,
Do mais melancólico que há.
A música antiga corre-me nas veias,
Os movimentos são acontecimentos do passado
E os livros são tudo o que eu nunca tive.

Aprecio livros e identifico-me,
Sinto as páginas onde muitos já sentiram
E fico em choque;
Fico em choque porque identifico-me
Com possíveis mortais de outrora,
E os seus pensamentos que perturbam minha alma.
Sem dúvida que me perturbam,
Mas não me importo.

Conformo-me com o silêncio,
Porque só no silêncio me conformo.
Caio em mim quando sinto mais do que gostaria de sentir,
Caio de vez quando nem na conformidade do silêncio
Consigo compreender o sentimento.

Por fim deixo-me cair,
Para que não volte a cair sem intenção.
Deixando-me ser a queda,
Talvez consiga controlar
O próprio descontrolo das minhas outras quedas,
Que não foram intencionais,
Mas seriam provenientes da falta de intenção
No acto de cair.

Ricardo Rodrigues
09-03-2013

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