sábado, 10 de agosto de 2013

Incoerências de um estranho

O nosso destino é incerto.
Para onde vamos?
Onde queremos ir?

Não conhecemos os desejos da alma,
Dançamos ao ritmo da morte,
Glorificamos o que nos importa:
Tecidos velhos,
Caras desconhecidas,
Canções que nos oferecem viagens no tempo
Apenas com as vibrações do poeta no estúdio,
No palco e na outra dimensão –a sua mente.

Não tenho a certeza para quem escrevo.
Escrevo para alguém?
Se és a pessoa ou o sonho para quem escrevo,
Identifica-te! Mostra-me a tua morte,
Deixa-me apreciar a tua vida.

Meu velho amigo, onde estás?
O teu destino era incerto,
Avisei-te do que poderia acontecer,
No entanto não me ouviste.
Mas agora já não importa,
Onde estás?

(Estou aqui, olha para o espelho da vida que já não tens.
Vem até mim como se sentisses a minha falta,
Como se sentisses prazer ao ouvir as minhas palavras incoerentes,
Finge por agora.)

Vem até mim como se sentisses a minha falta,
Como se quisesses ouvir as minhas palavras incoerentes.

Pela primeira vez sinto algo fora do comum;
É um animal que se apodera do meu espírito,
Uma crueldade nos meus pensamentos,
Um desejo para descrever o que não sei.

Quero dançar com o desconhecido,
Quero que adorem a incoerência de um estranho,
Quero que me queiram – e que não me queiram –
Mas será a confusão um sentimento demasiado confuso,
Para quem gosta do que vê sem se questionar
Sobre a natureza do que aparenta ser real?

Aparência. É isso.
Talvez eu deva ser aparente, vazio,
Sem questionar a realidade.
Talvez, assim, a coerência sustentasse a minha vida.
Tornar-me-ia a base da ignorância,
Seria mais um sem realmente ser,
Dedicar-me-ia à conformidade de simplesmente existir.
Mas eu não pretendo existir,
Viver? Sim, muito!
Quero tanto viver que até sonho com a morte,
E não me lembro dela.

Ricardo Rodrigues
06-08-2013

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