quarta-feira, 10 de abril de 2013

Uma pintura no papel

Tu, que eu não conheço,
És como a árvore sem terra,
A dizer palavras que julgas serem eficazes,
Mas de eficazes pouco têm,
Tal qual o meu pensamento oposto.

Olha, vou sair daqui
Antes que o aqui me abandone,
E é melhor eu abandonar nada,
Do que por nada ser abandonado.
Porque penso que seja, assim, a lei;
A lei de quê? A lei do que penso que é,
Ou a lei da brutalidade da vida?
Mas pouco importa; é a lei.

Ainda aqui estou
Em espera da tua presença
No meu pensamento oposto.
Em espera que, um dia, aterres na terra,
E sintas o que é o mal da vida;
Não são as pequenas coisas,
Nem são as grandes coisas. Sou eu.
Eu sou o mal da vida,
Apenas porque tento ser eu.

Sinto que estou longe de ti,
Não porque sinto falta de alguma lógica,
Mas porque sem lógica não me controlo.
Ah! Controlava-me se estivesse contigo;
A lógica transformava-se em razão ilusiva,
E eu estaria sozinho mas controlado
Por eu próprio. Porque tu, longe,
Não mereces a minha realidade.

A realidade está aqui,
Mas o que preciso não é real;
O que preciso és tu. Preciso de ti,
Pensamento que não é errado nem é certo,
Preciso de ti, natureza morta da metafísica.

Entendo que pouco entendem
Do que estou a divagar.
Mas estas divagações,
São apenas para quem não precisa de entender
A lei do que penso ser,
E a realidade do que sou,
Ou do que és, quando me refiro a ti,
Simplesmente sabem.

Divagado e partilhado isto,
Espero continuar terrivelmente apaixonado,
Por uma coisa que não existe,
Por um pensamento eufórico
E inacabado.

Ricardo Rodrigues

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