sexta-feira, 20 de abril de 2012

Trio de Falsidade

Passam-se anos e eu não sinto,
Caminho na rua sem realismo,
Não vou voltar ao mesmo sem intuito,
Como uma forma cruel de abismo.

Não olhem para mim,
Não sou nada do que possam imaginar.
Sou aspirante de poeta,
Sou navegante em mares ilustrados,
Sou tudo que forme impiedade por corpos avistados.
Sou perdurante no que me gasta,
Frio no meu núcleo que me arrasta.

Apenas quem me dera ser um pouco talentoso.
Não com as letras,
Mas apenas com as cordas e no meu canto silencioso,
Simplesmente com um instrumento glorioso.

Quem me dera poder,
Quem me dera ser,
Quem me dera ter,
Quem me dera dizer o que quero
Sem ser alvo de irritantes
E ignorantes.
Não paro, no entanto.
Saro, portanto.

Vestir como a manhã me quer,
Sorrir como o meu amor me pede,
Tudo o que não peço é tudo o que me dão,
É tudo o que não são.
Imparcialidade,
Realidade e amabilidade.
Um trio de falsidade.

Ricardo Rodrigues,
20-04-2012

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